Daqui, Sente o que Vês – Salir, Alma Lavada
O bonito de fazer parte deste projeto, é a oportunidade única que me é dada em trabalhar com uma equipa de gente criativa, de conjuntamente criarmos uma peça, de submergir nas histórias de um local em especifico, de conhecer pessoas e algumas das suas histórias de vida, que através do lavadouro da Aldeia da Pena, experimentaram vivências comuns. O Lavadouro, era um centro na aldeia, um ponto de encontro, especialmente de mulheres. Noutro tempo era também o sítio onde se ia buscar água para casa, dar de beber aos animais, sítio de conversas e desabafos e onde se lavava a roupa. Este curto filme, fala-nos da alma deste local. 
O lavadouro da aldeia da Pena, é um ponto de encontro, um sítio cheio de histórias, onde particularmente as mulheres passavam horas, entre tarefas e conversas. 
Cada um de nós, na sua área, tentou espelhar o que este espaço lhe transmitia. A minha tarefa foi estudar a forma, a linguagem audiovisual, que melhor pudesse transportar o espectador, para o imaginário que quisemos criar. Ana Medeira (realizadora)

Entre água, sabão, roupa e filhos agarrados às saias as mulheres encontravam-se no lavadouro. Rodeando os tanques, mergulhavam, espremiam e batiam, com mãos sábias, a roupa. Trocavam histórias da vida alheia e risos, num espaço exclusivamente feminino. Carregavam água, roupa molhada e as dores do mundo.

No tempo das máquinas de lavar a roupa, visitamos um espaço de memória: um lavadouro de utilização comunitária na aldeia da Pena. ‘Ainda há quem lave aqui’, dizem.

Como honrar hoje esse tempo e essas mulheres? Como eternizar essas memórias?

Através de entrevistas a aldeãs, fotografias partilhadas, exploração do espaço, brincadeiras com a água e roupa tentámos resgatar esse passado e perpetua-lo através da dança e do vídeo, numa celebração intemporal da mulher.
Carolina Cantinho (performer)

Realização e edição:
Ana Medeira

Operação de câmara: Ana Medeira e Sara Pereira

Interpretação e coreografia: Carolina Cantinho

Sonoplastia: Diogo Russo

Fotografia de cena: Eurico Brito

Vozes Off:
Emilia Dantas, Etelvina Reis, Hermínia Reis,
Maria Ermelinda, Maria Guerreira, Maria Isabel, Maria Rosa.

Participações especiais: 
Alice Viegas, Ana Caetano, Ana Isabel Guerreiro, Cecília Lázaro, Cidália Cavaco,
Custódia Inácio, Dinorá Caetano, Hermínia Reis, Idalécia Bento, Idalécia Lourenço,
Joana cavaco, Jumélia Augusto, Leonilde Martins,
Madalena Ferreira, Maria de Fátima Lázaro, Maria Isabel,
Mariana Guerreiro, Matilde Ferreira, Natércia Rocha,
Quirina Revez, Susana Faísca, Teresa Silva e Valentina Madeira.

Música:
BritoLavadeira que lava a roupa / Intérprete: Dinorá Caetano / Canção popular e Saudade nº3 (Lembrança do Senhor do Bonfim da Baía) / Compositor: Roland Dyens / Intérprete: Eudoro Grade/ Albúm: Guitarra

Lavadouro comunitário, onde os dias de tantas mulheres se desfiavam na rotina de lavar a roupa à mão. A dureza do ofício era camuflada pela alegria do encontro. Um local central, incontornável no quotidiano da aldeia, onde nos dias de hoje se podem sentir as estórias dessas lides passadas e de rugas presentes.

Uma mulher dos nossos dias que invoca as mulheres que poliram as pedras do lavadouro de tanto a roupa lavar e mergulha nas águas para que a alma se lhe seja lavada e enfim sentir-se novamente inteira, enraizada na sua própria vida.
Maria Adelaide Fonseca  (diretora artística)

Ana Medeira

Ana Medeira fez várias formações: Passou por arquitectura, belas artes, vidro, cerâmica e vídeo. Desde 2006 que se dedica profissionalmente à realização de conteúdos multimédia. Entre muitos trabalhos, se destacam: em 2001 - "Vídeo Poesia Visual”, Exposição colectiva no Centre de Cultura Contemporânea de Barcelona. Em 2002, a Mostra Internacional de Films de Dones Cinemas Verdi, Barcelona. Em 2003 “Oporto`s route in Bristol”, Dialogue A season of contemporary art works on Bristol Dockside, Bristol. Em 2005 realizou o documentário "Tabanca", em Barcelona. Em 2009 realizou o documentário “Rostos e Gestos para a Inclusão”. Em 2011 realizou o documentário “Tesouro Algarvio”. Em 2013, foi realizadora dos programas “ Produtos da Terra”. Em 2015, realizou os programas “ Alentejo é Pão e Doce”. Em 2017, foi a realizadora do documentário, “José Mendes Bota. Uma Vida de Causas”. Em 2020 realizou a vídeo performance “7 Ventos”. Em 2021 foi a realizadora de uma série de documentários, sobre empresas apoiadas pelo Sistema de Incentivos ao Empreendedorismo e ao Emprego, SI2E para a Associação In Loco e para a CCDR. E entre 2021 e 2022 fez tarde do projeto “Daqui, Sente o Que Vês”, como realizadora do “Cosmos Micro”.

Carolina Cantinho

Carolina Cantinho trabalha há mais de 15 anos como intérprete, coreógrafa e professora de dança contemporânea, colaborando com diferentes criadores e instituições. É Mestre em Criação Coreográfica Contemporânea (ESD, Lisboa, 2012). Desde então, tem vindo a desenvolver o seu trabalho como coreógrafa independente, interpretando a maioria das suas obras. Recebeu prémios internacionais de coreografia, incluindo 'Most Innovative Choreography' (Roménia, 2015), 1º lugar no Netherlands Choreography Competition (Holanda, 2017) e 'Best Choreography and Innovation Award' (Áustria, 2019). Em 2020, cofundou a CAMADA - Centro Coreográfico, em Faro, assumindo a direção artística. Como intérprete, trabalha nacionalmente com diversas entidades e criadores e tem desenvolvido trabalho pedagógico e coreográfico, com diferentes faixas etárias, em instituições de dança nacionais e internacionais, como AMDA/projecto dansul, AZul – Rede de Teatros do Algarve, ArQuente, Companhia de Dança do Algarve, Centro de Dança do Porto, Escola Superior de Dança de Lisboa, Opus Ballet e Quorum Academy, entre outros.

Diogo Russo

Nascido em Lisboa em 1983, passa pelo Conservatório de Música de Santarém onde estuda Piano e Viola Dedilhada, licencia-se em Produção e Tecnologias da Música em 2005 na Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, e estuda no Atelier de Jazz e Música Moderna do Algarve em 2012/2013 . Técnico de som nos serviços de áudio do IPP/ESMAE em 2007/2008, no Teatro Helena Sá e Costa em 2008, Teatro Sá da Bandeira em 2009 e Palácio de Congressos do Algarve desde 2013. Professor no ensino profissional de Física do Som e Piano em 2012 e pianista na Orquestra de Jazz do Algarve desde 2013. Colaborou musicalmente no documentário “Um olhar entre redes” de Ana Medeira.